Uma técnica inovadora para tratamento de câncer de mama apresentou 100% de eficácia em um estudo realizado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O procedimento, chamado crioablação, é minimamente invasivo e usa temperaturas extremamente baixas para congelar e destruir células cancerígenas ou tecidos-alvos.
Em estudo inicial, a crioablação foi realizada após a cirurgia. Esta etapa da pesquisa contou com 60 pacientes e obteve eficácia de 100% para tumores menores do que 2 centímetros.
Agora, o trabalho está comparando um grupo de pacientes que passou pelo procedimento sem a necessidade de uma operação com outro grupo em que é feita a cirurgia tradicional. Nesta fase, mais de 700 pacientes participam da pesquisa em 15 centros de saúde do Estado de São Paulo, segundo Vanessa Sanvido, professora da Escola Paulista de Medicina (EPM) da Unifesp.
Procedimento inédito foi feito em janeiro no Hospital São Paulo
No último dia 13, professores da EPM/Unifesp realizaram, pela primeira vez em um hospital público brasileiro, a criablação para tratamento de câncer de mama. O procedimento foi realizado na Unidade Diagnóstica do ambulatório de Mastologia do Hospital São Paulo (HSP/HU Unifesp). Foi o primeiro protocolo de pesquisa na América Latina que utilizou a técnica para o tratamento da doença.
Durante o procedimento, foram realizados três ciclos de 10 minutos, alternando o congelamento e o descongelamento do tumor mamário.
“Inserimos, por meio de uma agulha, o nitrogênio líquido a uma temperatura de cerca de -140ºC na região afetada, o que forma uma esfera de gelo, destruindo o tumor. A incisão deixada pela agulha é igual ou até menor à própria biópsia realizada pela paciente”, explica Afonso Nazário, professor da EPM/Unifesp.
O procedimento pode ser realizado em ambulatório, sem necessidade de internação hospitalar, com uso de anestesia local. Segundo os professores, é uma técnica indolor, com alta precisão e relativamente rápida.
No Brasil, a técnica já foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas ainda não consta no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para o tratamento do câncer de mama.
Em outros países, como Israel, Estados Unidos, Japão e Itália, a técnica já é utilizada para o tratamento do câncer de mama.
O procedimento realizado no HSP/HU Unifesp tem caráter experimental e marca a continuidade da pesquisa de pós-doutorado da professora Sanvido.
“As agulhas utilizadas no procedimento têm um valor alto. Nós estamos otimistas de que vai dar certo e de que poderemos, futuramente, contar com o procedimento no Sistema Único de Saúde (SUS). Com a expansão do uso da crioablação, acreditamos que o custo da agulha vai cair e se tornar mais acessível. Nosso objetivo é tirar da fila do SUS de 20 a 30% das pacientes”, afirma Nazário.
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