Um conflito armado na República Democrática do Congo deixou milhares de deslocados e gerou alertas da ONU para sofrimento “verdadeiramente inimaginável” da população civil.
Um grupo rebelde apoiado por Ruanda conquistou a maior cidade do leste do país e continua marchando em direção a outros municípios.
Os últimos avanços são parte de uma grande escalada de um conflito de décadas, que matou centenas de milhares de pessoas e deslocou mais de 1 milhão desde seu recente ressurgimento.
O M23 se refere ao acordo de 23 de março de 2009, que encerrou uma revolta liderada por tutsis no leste da RD Congo.
Esse é um dos grupos de rebeldes liderados por tutsis étnicos contra o governo da RD Congo, tendo lançado a revolta mais recente em 2022.
O grupo acusou o governo da RD Congo de não cumprir o acordo de paz e de não integrar totalmente os tutsis congoleses ao Exército e à administração do país.
Ele também promete defender os interesses dos tutsis, particularmente contra milícias étnicas hutus, como as Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR), fundadas por hutus que fugiram de Ruanda após participarem do genocídio de 1994, que matou quase 1 milhão de tutsis e hutus moderados.
A autoproclamada agenda de libertação do M23 foi marcada por uma longa trilha de supostas violações de direitos humanos e o que o grupo de direitos humanos Human Rights Watch descreveu em 2023 como “crimes de guerra contra civis” em Kivu do Norte. O grupo negou consistentemente tais alegações.
Entenda o conflito na RD Congo
Uma aliança rebelde reivindicou a captura da maior cidade na região leste da República Democrática do Congo (RD Congo), que é rica em minerais, nesta semana, superando tropas governamentais apoiadas por forças de intervenção regionais e da ONU.
A tomada de Goma é mais um ganho territorial para a coalizão rebelde Alliance Fleuve Congo (AFC), que inclui o grupo armado M23 – que é sancionado pelos Estados Unidos e pela ONU.
É também uma rápida expansão da presença dos insurgentes no leste do país – onde minerais raros cruciais para a produção de telefones e computadores são extraídos – e provavelmente piorará uma crise humanitária de longa data na região.
O governo congolês ainda não confirmou a tomada da cidade pelos rebeldes, mas reconhece sua presença no local, que é capital da província oriental de Kivu do Norte.
Além disso, a RD Congo anunciou no domingo (27) que cortou relações diplomáticas com a Ruanda e chamou de volta sua equipe diplomática do país. A nação vizinha é acusada de equipar os rebeldes com armas e combatentes.
Um porta-voz do governo de Ruanda não negou nem confirmou o apoio do país ao grupo armado M23 quando questionado pela CNN.
Enquanto isso, soldados estrangeiros de forças de paz, bem como o governador militar da província de Kivu do Norte, foram mortos tentando afastar os insurgentes, enquanto milhares de moradores fogem da região.
Outros grupos envolvidos no conflito na RD Congo
Forças de paz da ONU apoiam os esforços do Exército congolês para conter o M23. Isso faz parte da Missão de Estabilização da ONU no Congo, que combate os muitos grupos rebeldes no leste do país.
Assim, houve uma pausa no cronograma para a retirada da missão. Em dezembro, havia quase 11 mil forças de paz no local, principalmente no leste.
A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que tem 16 integrantes, também estendeu sua missão militar na RD Congo no final do ano passado.
Ambas as forças sofreram perdas desde o início de 2025.
*com informações da Reuters