“Eu não vou fugir do Brasil”, afirmou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à CNN, nesta quinta-feira (23). Na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, negou a devolução do passaporte do ex-chefe do Executivo, alegando que havia risco de fuga do ex-presidente, indiciado em três casos diferentes.
“Eu vou para a cadeia, eu não vou fugir do Brasil. Eu podia ter ficado lá quando eu fui para os Estados Unidos. Quando eu fui para a posse do Milei, eu poderia ter ficado, mas vim para cá, sabendo de todos os riscos que estou correndo”, declarou o ex-mandatário.
Risco de ser preso
Em novembro, Jair Bolsonaro foi indiciado pela terceira vez, sendo a última no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil, depois do resultado da eleição presidencial de 2022.
Neste caso, ele é acusado de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Desde a derrota na eleição de 2022 para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), diversos fatos o levaram a ser investigado pela Polícia Federal (PF) e a ser alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF).
Entre os casos, além da tentativa de um golpe, estão outros dois indiciamentos:
- a falsificação do cartão de vacina, acusado de associação criminosa e inserção de dados falsos
- a venda de joias sauditas, acusado de associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos
Posse de Trump
Na posse de Trump, que aconteceu na última segunda-feira (20), Jair Bolsonaro foi representado pelo filho, Eduardo Bolsonaro, que foi acompanhado da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
“Repercussão seria menor com a minha ida”
Bolsonaro ainda lamentou não ter acompanhado a esposa na posse de Trump e defendeu que, se tivesse ido, a “repercussão” seria menor.
“Eu fui o último chefe de Estado a reconhecer a vitória do Biden. Isso teve um significado pra eles (governo Trump). Eu sou ex (chefe de Estado), me convidou, juntamente com a esposa. Lamentavelmente, eu não pude ir, fiquei muito triste, queria acompanhar a minha esposa, que só retorna no sábado e amanhã tem uma marcha lá contra o aborto nos Estados Unidos. Ele (Trump) sabe disso, alguns do primeiro escalão dele se manifestaram contra isso aí. Isso é uma ação do governo brasileiro, porque tem influência dentro do Supremo, que foi uma negativa para um convite de um chefe de Estado, que eu acho até que repercussão seria menor com a minha ida, do que com a minha ausência”, destacou o ex-presidente durante entrevista à CNN.
Decisão de Moraes
O ministro Alexandre de Moraes negou mais uma vez, na última semana, a devolução do passaporte de Bolsonaro, o que acabou impedindo que ele viajasse aos EUA para a posse de Donald Trump.
A decisão seguiu o entendimento da Procuradoria-Geral da República (PGR), que se manifestou contra à liberação do documento e à autorização da viagem. O procurador-geral afirmou a Moraes, na quarta-feira (15), que não há, no pedido da defesa de Bolsonaro, evidência de que a viagem aos Estados Unidos “acudiria a algum interesse vital” do ex-presidente.
Bolsonaro recorreu da decisão, que foi mantida.
O ministro destacou, na decisão, que o ex-mandatário pode proceder “da mesma maneira como vem defendendo a fuga do país e o asilo no exterior para os diversos condenados com trânsito em julgado pelo plenário do STF, em casos conexos à presente investigação”.