O reajuste do diesel pela Petrobras veio num “momento delicado da economia [brasileira]”, avaliou Adriano Pires, sócio fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), em entrevista ao CNN Money nesta sexta-feira (31).
O especialista em energia destaca as preocupações em torno do preço dos alimentos, e o fato de que “quase a totalidade [dos produtos consumidos no Brasil] é transportada por caminhões movidos à diesel”.
Desse modo, o reajuste por parte da Petrobras somado ao do ICMS pode impactar o consumidor na ponta final de maneira indireta, através da “contaminação” dos demais preços da cadeia produtiva e logística.
Porém, Pires ressalta que não havia outra alternativa senão subir o valor do diesel. “O aumento veio porque a defasagem está grande. Chama curiosidade ficar um ano sem reajustar. É aumento que não tinha jeito”, afirmou o diretor do CBIE.
O preço da gasolina, por exemplo, que está com uma defasagem menor, não foi reajustado.
O economista afirma que, antes do ajuste, a defasagem do diesel para os preços praticados no exterior estava em 14%, e chegou a ficar mais alta nas últimas semanas antes de os preços do dólar e do petróleo recuarem.
Com a intervenção da Petrobras, a disparidade cai para 9%.
Desde maio de 2023, a estatal não busca mais adequar seus preços aos valores praticados no exterior. A medida busca, segundo a companhia, “abrasileirar” os preços dos combustíveis e não importar ao consumidor brasileiro o impacto de incertezas geopolíticas, que balançam o sensível mercado de petróleo.
Pires porém acredita que seria mais benéfico se a política de preços fosse mais transparente para dar mais previsibilidade ao mercado.
O economista avalia como incomum ficar um ano sem reajustes e que, agora, e necessário esperar ver para entender como os preços na bomba vão reagir ao reajuste.
“Como foi um reajuste muito longo, pode ser que na bomba a alta seja maior para construir margem”, ponderou.
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